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Estudar sobre como aprender melhor e desvendar técnicas de aprendizado acelerado foi meu hobby durante muito tempo. Ao longo dessa jornada eu descobri 7 princípios cientificamente comprovados que você precisa usar para acelerar seu aprendizado.


Eu não acredito em coquetéis miraculosos, ou truque de hipnose nem nada do tipo. Eu acredito em ciência.


Eu mesmo testei e percebi na prática que em tudo que eu apliquei estes princípios, o meu aprendizado acelerava.


Então neste artigo você vai encontrar sete princípios que devem estar presente em seus estudos se você quiser acelerar seu aprendizado. Ao final comentarei um princípio humanista, que pode transformar definitivamente como você vê os idiomas e o mundo.



#1 Princípio da prática



O primeiro grande princípio é o princípio da prática ou, em inglês, ?Active Recall?.


Active recall pois em em inglês literalmente significa ?ativamente tentar relembrar?.


Este tem sido objeto de grandes estudiosos como Karpicke e tantos outros.


Basicamente esse princípio significa que você precisa tentar lembrar de cabeça os conceitos antes de ver a resposta. Você deve tentar praticar com o conhecimento que adquiriu.


O próprio Karpicke define Active recall como:


Active recall is an act of reconstruction and "the act of reconstructing knowledge must be considered essential to the process of learning." Karpicke 2011


Em outras palavras, é você ?praticar com a mente? como diz Brown.


Inclusive, em seu livro, relata uma pesquisa de como o princípio da prática, sozinho, leva a um aprendizado melhor:


Na pesquisa foram divididos em 4 grupos: um leu apenas uma vez um pequeno texto, o segundo leu várias vezes e os outros dois realizaram repetições espaçadas.


Entretanto, um destes últimos dois grupos fez um processo de inventar perguntas sobre o texto e, assim, praticou o conhecimento adquirido por meio do princípio da prática.


Dos quatro grupos, apenas o grupo que inventou perguntas sobre o texto performou com uma nota dita ?excelente?.


Muitas pessoas acham que ler, anotar, resumir, é suficiente para aprender.


Suficiente pode ser, mas não o bastante para ter um aprendizado acelerado.


Se você quer acelerar seu aprendizado, pratique com ele: não apenas absorva conhecimento, tente relembrá-lo de cabeça. Essa simples prática sozinha é suficiente, segundo Brown, para:


  1. Fortalecer os caminhos neuronais do conhecimento
  2. Mostrá-lo os buracos que você tem em seu conhecimento
  3. Manter o aprendizado vivo em sua mente
  4. Enfraquecer conceitos equivocados que você pode ter formado quando estava aprendendo pela primeira vez.
"Retrieval practice is a powerful way to promote meaningful learning of complex concepts" ? Karpicke p. 774



Aplicando este princípio a idiomas



Existe uma ampla variedade de maneiras de se aplicar o princípio da prática ao aprender idiomas. Eu ensino vários aos alunos dentro do Método Poliglota. Vou listá-los alguns aqui para você:


  1. Ao aprender vocabulário: tentar lembrar do significado da palavra antes de olhar a resposta. Você pode usar ou a lista de ouro para aplicar esta técnica, ou até mesmo o Anki.
  2. Ao treinar a fala: Uma boa técnica é a chamada monólogo com ilhas. Basicamente esta técnica funciona da seguinte maneira: tome um tópico que você tem interesse, reúna 10 palavras sobre este tópico e tente manter uma fala, mesmo sozinho, de 10 a 15 minutos. Você irá praticar muito o vocabulário que você aprendeu neste idioma.


#2 Fazer uso de ambos os modos com que o cérebro aprende


Nosso cérebro aprende de dois modos diferentes: de um modo mais aberto e também de um modo mais focado.


Saber tirar proveito desses dois modos é fundamental para ter sucesso no aprendizado.


Esta diferenciação é brilhantemente explorada por Barbara Oakley e Dr. Terrence Sejnowski.


Imagine que seu cérebro é um emaranhado de pistas de corrida. Essa ilustração ajuda a entender como aprendemos e como devemos usar os dois modos que o cérebro usa para aprender.


Nesse emaranhado de pistas de corrida, aprender algo novo seria aprender percorrer um determinado caminho.


Então imagine que você queira aprender a palavra ?? em japonês que significa melancolia, depressão.


A primeira vez que você vê esta palavra, dentro do seu cérebro então, parte o carrinho de corrida para percorrer um circuito novo.


Chegando ao final do percurso, você teria então construido uma nova rota, descoberto um novo percurso, aprendido uma nova palavra.


Toda vez que você quiser acionar este conhecimento, ou seja, usar a palavra ?? , seu cérebro vai percorrer o mesmo caminho.


E é exatamente aí que entram as duas modalidades que o cérebro tem para aprender: de qual modo você vai acessar este conhecimento?

Em um modo mais aberto ou mais focado?


Imagine que no modo mais focado, você tem muito mais trânsito, muitos carros no mesmo trajeto até acessar aquele conhecimento. Esse modo focado é o modo que utilizamos para resolver problemas mais lógicos, racionais, analíticos. É um modo de concentração e foco. O trânsito significa que estamos considerando muito mais os detalhes e prestando atenção a mais coisas ao mesmo tempo. Esse modo é acessado pela nossa região do cortex pré-frontal.


Embora este modo seja excelente para aprender algo, muitas vezes esse trânsito de informações pode nos impedir de acessar aquela rota inicial que fizemos para aprender a palavra ??.


É aí então que entra o segundo modo que o cérebro usa para aprender: o modo mais aberto.


Imagina que na mesma estrada você não encontre ninguém na rua: todas as vias estão abertas para você passar. É muito mais fácil acessar o conhecimento assim.


Saber mesclar o modo mais focado e mais aberto é importante.


Uma outra ilustração seria pensar que seu cérebro é uma lanterna. O modo focado é aquele modo de lanterna que ela foca a luz e vai muito mais longe, mais profundo, mas perde em amplitude. O outro modo da lanterna, quando abrimos o foco, é um modo muito mais aberto, que perdemos em profundidade, mas ganhamos em amplitude.


Quando você está aprendendo algo, você deve usar ambos os modos, especialmente em idiomas.


Aplicando este princípio a idiomas


Para aplicar ambas as maneiras que o cérebro aprende, você precisa ter um bom plano de estudos e um bom hábito de imersão. Eu recomendo que você deixe ambas as práticas de aprendizado de vocabulário e fala para usar o seu período mais focado de estudos. Deixe as práticas de imersão para o modo mais aberto.


Seja quanto tempo que você tenha para estudar, eu recomendo a seguinte divisão:



Essa divisão te permitirá aprender palavras em modo focado, usando técnicas como aquelas do primeiro princípio, mas também te permitirá ver essas mesmas palavras em um contexto mais arejado do seu cérebro, quando você está fazendo suas práticas de imersão. Assim um modo reforça o que você aprende no outro.



#3 Ordem lógica



A ordem do aprendizado importa muito quando você quer ser mais eficiente. Imagine esta situação:


Você entra para fazer uma cirurgia. Os médicos estão preparados. Cortam você, usam todos os instrumentos, e depois de terminado, eles vão então esterilizar os equipamentos e depois jogar tudo fora. Não faz sentido né. A esterilização deveria vir antes de você ter sido operado!


O ordenamento lógico de informações influencia como você aprende. Este estudo de 2019 revelou isso claramente.


Estudos pela universidade de Canberra na Austrália e Utah dos EUA foram feitos desenvolvendo um APP para testar a hipótese de que a ordem de como você estuda pode afetar seu raciocínio. A conclusão foi taxativa:


?The results suggest that context ordering influences learners? reasoning. ?
?Os resultados sugerem que a ordenação do contexto influencia o raciocínio dos estudantes.?



Aplicando este princípio a idiomas



Quando você pensa então em ordem lógica em idiomas, logo surge a ideia de dividir um idioma em partes e ir aprendendo um bloco de cada vez.


Aprender vocabulário de partes do corpo, depois sobre o tempo, depois de comida, depois o presente, depois o passado, depois o futuro? e assim em diante.


Essa ideia de dividir um idioma em blocos começou na década de 50 com o Behaveorismo. Sustentou-se então que o aprendizado de línguas passava a ser condicionado por reflexos e que a mecânica de imitar, memorizar e exercitar palavras seria instrumental para ser fluente. Essa visão deu origem aos livros de unidade 1, unidade etc., que se baseavam no automatismo repetitivo atrelado a um plano didático ?lógico?.


A lógica pode até estar certa, mas os resultados dessa abordagem são péssimos. 90% das pessoas acabam desistindo de aprender um idioma usando esse método tradicional.


Bom então como ter uma ordem em idiomas, se a ordem de materiais didáticos é falha? Existem três ordens lógicas que o Método Poliglota usa para organizar o aprendizado de línguas.


  1. A ordem das palavras: a ordem encadeada.
  2. A ordem para consumir conteúdos: sempre do mais fácil ao mais difícil.
  3. A ordem dos exercícios da fala.


A ordem das palavras: a ordem encadeada


A maneira mais produtiva de aprender algo novo é aprendê-lo em meio a outras coisas que você já sabe. Compreender um novo período histórico pode ser facilitado pelo conhecimento de períodos anteriores.


A matemática pode ser aprendida de modo mais facilitado se você for aprendendo os componentes de uma equação um a um.

Em idiomas isso acabou sendo uma completa revolução. Você deve então aprender uma palavra nova em meio a outras palavras que você já sabe. Isso se chama ordem encadeada.


Deixe-me dar um exemplo.


Imagine que você começou a aprender inglês hoje e a primeira palavra que você aprende é ?I? que significa ?Eu?. Muito bem, agora, aprendendo a segunda palavra, você já deve querer formar uma frase que una a primeira palavra que você aprendeu a uma outra palavra nova. Vamos testar: ?I like? que significa ?eu gosto.


Perceba que agora a palavra aprendida foi ?like?. Entretanto, você aprendeu ela em uma frase cuja outra palavra você já tinha aprendido. Por isso o método se chama ordem encadeada. Aprender uma palavra nova em meio a outras que você já aprendeu. Como se fosse uma corrente. Um elo ligado a outro.


Deixe-me dar mais alguns exemplos de palavras que você poderia aprender seguindo o mesmo esquema de ordem encadeada:


I - Eu

I like - Eu gosto

I like you - Eu gosto de você

I like to go out - Eu gosto de sair


Veja que ao invés de tentar separar um idioma em bloquinhos inúteis, de palavras que você nunca vai usar ? como vocabulário de feira, por exemplo ? o método poliglota busca fazer você aprender palavras novas em uma ordem mais fácil.


Por que mais fácil? Olha que incrível: toda palavra nova que você aprende, você também revisa as anteriores. Isso sim é incrível!


A ordem para consumir conteúdos: sempre do mais fácil ao mais difícil


Quando pensamos em consumir conteúdo em outro idioma creio que a primeira coisa que vem à mente é: material didático e aula.


BOOOOOOOOOORIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIING!

(CHAAAAAAAAAAATOOOOOOOOO)


Hahahah desculpa, mas é realmente muito chato ver aulas ou usar aqueles materiais didáticos tediosos.


Bom mas então como ter um conteúdo que não seja chato, mas mesmo assim esteja no seu nível?


Você precisa de conteúdos mapeados. O que significa isso?


Pense assim: imagine todas as séries do mundo, os filmes, os livros, os quadrinhos. Dentre todo esse conteúdo, deve ter alguns que são mais fáceis. Devem existir alguns que, pelo assunto tratado, pelo estilo de escrita, vocabulário usado, eles são mais fáceis para você consumir.


Claro, não foi a intenção desse autor criar a série dele, o quadrinho dele, para você aprender idiomas. Ele pensou em fazer as pessoas gostarem do conteúdo!


Então o que você precisa é de um mapa com esse tipo de conteúdo.

Para criar um mapa assim você precisa coletar uma massiva quantidade desses materiais e então analizar, para ver o que é mais fácil ao mais difícil.


Eu conheço apenas um lugar que isso foi feito: a Comunidade Método Poliglota.


Para a comunidade, eu mesmo fui atrás de uma massiva quantidade desses conteúdos e deixei tudo mapeado para os membros.

Isso para mais de 6 idiomas diferentes.


Todos conteúdos interessantes, legais, que substituem completamente o material didático, para você consumir conteúdo interessante em ordem.


Se você quiser fazer parte da comunidade veja se as vagas estão disponíveis neste link CLICANDO AQUI.



A ordem dos exercícios da fala


Sim, a fala tem uma cronologia.


Essa creio ser a parte mais deficitária nos estudos de idiomas no Brasil e no mundo. Não se ensina um sistema para desenvolver a fala. Espera-se que de você ouvir, fazer exercícios de gramática e aprender vocabulário? você uma hora comece a falar.


Isso é totalmente fora de lógica. Não basta aprender as escalas musicais, aprender a ler os acordes e ouvir muitas moda de viola para você aprender a tocar violão. Você precisa disso, claro, mas o principal da capacidade de tocar um istrumento é: praticar com ele.


A fala deve ser praticada através de exercícios. Eu descobri, estudando técnicas e métodos poliglotas, uma série deles. O problema é que esses exercícios não estavam em ordem.


Passei eu então por sete idiomas para descobrir uma ordem neles. Eu literalmente fatiei métodos poliglotas e fui colocando todos os exercícios em ordem. Alguns eram mais fáceis, outros mais difíceis.


Eu fiz de maneira que todo mundo consiga praticar a fala.


Se você quiser a lista completa desses exercícios, pode fazer parte da minha comunidade, onde eu explico como fazer cada um de modo simples todos os dias. Clique aqui para saber mais sobre minha comunidade.


#4 Feedback: o retorno necessário


Feedback é uma resposta, um retorno que você recebe sobre algo que fez, como um trabalho, uma apresentação, ou uma tarefa. É uma maneira de saber o que está bom e o que pode ser melhorado. Uma avaliação.


O feedback é um artefato muito importante para atingir a maestria em qualquer área. Anders Ericsson em seu livro demonstra que o feedback é um ingrediente essencial para quem quer atingir níveis altos de performance, como fluência em idiomas, ser um bom cirurgião ou até mesmo um bom mergulhador.


As vezes, a falta de feedback pode até resultar na redução das habilidades. Muitos profissionais médicos pioram com mais experiência à medida que o conhecimento acumulado na escola de medicina começa a desaparecer. Com isso a precisão de seus diagnósticos começa a declinar, muito pelo fato de seus diagnósticos não receberem mais o feedback rápido que normalmente promoveria um aprendizado adicional.


Seja como for, se você quiser ter um avanço acelerado em alguma área, é necessário ter feedbacks.


Aplicando este princípio a idiomas


Em idiomas temos a tendência de nunca receber feedbacks pois muitos deles vem na forma de críticas. Essas como ?ah você não fala bem?; ?isso está errado? e assim em diante.


Entretanto os feedbacks em idiomas podem ser recebidos de várias maneiras e lugares diferentes. Aqui está uma lista não exaustiva de como potencializar essa ?resposta?, esse feedback.


  1. Quando você estiver revisando vocabulário no Anki ou na Lista de ouro, deve sempre pensar qual é a resposta antes de ver a tradução. Forçar o cérebro a tentar lembrar da palavra antes de ver a resposta. Assim que você ver a resposta, terá um feedback imediato do seu esforço de lembrar a palavra. Só esse exercício já é o suficiente para aprender mais. Não use o Anki como um aplicativo de ?leitura de frase? e tradução.
  2. Os exercícios da fala que eu comentei acima também darão um feedback para você. A cada novo exercício você verá um avanço e poderá comparar com o exercício anterior. Eu mesmo, fazendo mentorias privadas um a um analiso a fala dos alunos e dou um feedback todo mês para dizer como eles estão e qual exercício ele deve fazer agora.
  3. Lembra de quando falamos da ?ordem para consumir conteúdos?, então essa ordem vai também dar um feedback para você. Semana após semana, consumindo conteúdos em ordem, você vai vendo que pode passar a consumir conteúdos mais difíceis dia após dia. Um dos sentimentos mais gratificantes que tive no japonês foi exatamente isso. Comecei a consumir conteúdos mais do cotidiano, e hoje posso consumir qualquer tipo de conteúdo, até mesmo o maravilhoso jogo da nintendo ?????? Tears of the Kingdom.


Essa lista não é exaustiva, mas ilustra um ponto importante: se você não tem feedbacks no seu estudo, não tem a clareza de que as coisas estão funcionando. Feedback é um retorno necessário!


Claro que, assistir a aulas e usar texto e áudio não te dará nenhum feedback.


#5 Sistema de Repetição Espaçada


A repetição espaçada é o ato de implementar um planejamento que distribui o estudo através do tempo (Dunlosky et. al 2013).


Eu escrevi um artigo inteiro somente sobre esse princípio e como aplicá-lo a idiomas. Você pode encontrá-lo clicando aqui. Ela é certamente um princípio de aprendizado acelerado, como afirma Wozniak nesta citação:


"A technique that ensures nearly perfect recall with minimum possible investment of time via computing optimum inter-repetition intervals" ? Dr. Piotr Wozniak
"Uma técnica que garante quase uma retenção perfeita com o mínimo possível de tempo via projeções ótimas de intervalos intrínsecos"



Aplicando este princípio a idiomas



Essa é fácil, há basicamente dois sistemas de repetição espaçada em idiomas: Anki ou Lista de Ouro.


Escolha ou um ou outro.

  1. Clique aqui para acessar meu curso completo e grátis sobre Anki.
  2. Ou clique aqui para ver como funciona o método da Lista de ouro.


Só use um, não os dois.


Esses métodos automaticamente aplicação a repetição espaçada a idiomas para você.


Claro que a própria imersão já irá ajudar nessa repetição. Digamos que você aprenda a palavra ?? em japonês hoje, e veja daqui 2 dias um vídeo no youtube sobre um rapaz falando da vida adolescente dele, que era muito deprimente. Quando ele usar a palavra ?? para falar sobre essa parte deprimente de sua vida, bam! você acabou de fazer uma repetição.


É por isso, inclusive, que aprender dois ou mais idiomas ao mesmo tempo talvez não seja uma opção muito legal. Você demora mais para encontrar as palavras pois a quantidade de tempo que você passa na imersão é dividida.


#6 Aprendizado sistêmico e o fortalecimento da intuição


Aprendizado sistêmico é o contrário do chamado "aprendizado compartimentado". Preste atenção nestas duas imagens:




O aprendizado compartimentado (foto acima) separa ideias em caixas isoladas, não conectando ideias entre si. O aprendizado sistêmico (foto abaixo) visa criar uma teia de seu conhecimento.




Você gasta muito menos tempo em aprender novas palavras ao usar o aprendizado sistemico. Não apenas isso, mas passa a usar novas construções ao falar com nativos pois a rede de expressões e estruturas que você se sente confortável ao usar é muito maior e mais densa.


Na primeira imagem você tem claramente como as pessoas tentam fazer você aprender um idioma no Brasil. Tudo separado. Aprenda vocabulário de feira, de partes do corpo, vocabulário de estações do tempo, profissões etc. Depois você vai ler textinhos, passa a estudar o que são os advérbios e outras regras de gramática. Tudo em sua caixinha.


Fica bonito para te vender um curso. Mas não funciona.


Se você tem dúvidas qual dos dois sistemas funciona melhor, dê uma olhada em como o seu cérebro funciona e você verá qual é melhor.


Na segunda imagem você tem algo muito mais interessante, você tem o método poliglota.


Pense que quando você vai ler um livro, você precisa usar várias competências juntas: entendimento de estrutura, vocabulário e expressões.


Quando vai falar com nativos, o mesmo ocorre. Você precisa saber das palavras, pensar e lembrar delas, das estruturas certas, das entonações, de como colocá-las na frase, e ainda cuidar para não falar muito lentamente ou parecendo um robô, ou muito rápido e então comer palavras?. Muita coisa né? Pois é, mas você não precisa lembrar de tudo isso. Você apenas precisa ter uma intuição de como o idioma funciona, precisa ter uma teia de conhecimento, bem com a segunda imagem demonstra. Você precisa desenvolver um reflexo natural para usar esse idioma.


Pense na metáfora da floresta e das árvores. Aprender de modo compartimentado é estudar árvore uma a uma. Aprender de modo sistêmico é estudar a floresta. Se você conhece a imagem geral de um idioma, quando encontra uma palavra ou expressão que você não se sente confortável ou não lembra como usar, basta pegar um desvio. Você conhece e tem a intuição de como as coisas funcionam no geral.

Se você conhece os padrões, para que ficar perdendo tempo em truques de memorização?


Estudar de modo sistêmico é descobrir essas imagens gerais, para poder conectar palavras e usar estruturas de maneira confortável. É o instinto da linguagem, como comenta Pinker.


Aplicando este princípio a idiomas


Ok mas então como aplicar isso a idiomas?


A primeira coisa a fazer é fugir dos métodos tradicionais no Brasil. Seja o presencial ou online, tudo tem sua raíz na década de 1950. É absolutamente tudo a mesma coisa. Aprendizado compartimentado, chato, pautado em aula, vocabulário de fruta e regra de gramática.

Em segundo lugar você pode então usar um método mais eficiente. Um que entenda como funciona o mecanismo dos idiomas.

Idiomas são relativamente simples em sua estrutura organizacional: há apenas duas competências, a competência da absorção e a da produção.



A competência da absorção é tudo que você absorve de conteúdo. Essa competência envolve leitura e escuta. Já a competência da produção é tudo que você produz com o idioma; esta envolve a fala e a escrita.



Usar o aprendizado sistêmico é usar um sistema que envolva todas essas competências acima de um modo não fragmentado. Por exemplo, usei essa mesma imagem acima para representar alguns métodos muito famosos no Brasil.



Vê como os métodos no Brasil ainda são fragmentados? Você precisa de algo assim:


Claro que esse método poliglota não pode ser ?um pouco de tudo?. Seria abrangente demais. Ele deve ser pautado na produtividade. Por isso que o método poliglota foi desenvolvido pensando exatamente nisso.


  1. Você faz os exercícios de fala que estão no seu nível, todos os dias.
  2. Você escuta materiais também que estão no seu nível, e lê materiais do seu nível.
  3. E aprende vocabulário com palavras frequentes.
  4. A competência da escrita é completamente opcional no sistema poliglota.


Todos essas competências são organizadas, no método poliglota, segundo quanto tempo você tem para estudar, qual é o seu objetivo e qual o nível que você está nesse idioma.


Isso quer dizer que todo esse aprendizado sistêmico também é personalizado.



#7 Personalização


A ideia de tutoria personalizada, um a um não é nova. Os gregos já faziam. Aristóteles aprendeu com Platão. Rousseau era professor da aristocracia francesa, Locke também, Hobbes era professor particular de matemática.


Essa ideia de personalizar os estudos para cada aluno perdeu força com o espalhar do ensino comum. Até mesmo hoje qualquer tutoria particular segue um protocolo, segue um planejamento que se propõe como solução única para todas as pessoas.


Como se cada indivíduo pudesse usar o mesmo tamanho de camiseta.

Matou-se a personalização.


A personalização ou, em inglês, Adaptive learning, é uma ferramenta cientificamente comprovada para gerar melhores resultados para os alunos.


Em 2015 mais de 15 especialistas em aprendizado se reuniram em Cambridge e resolveram testar uma hipótese.


A hipótese foi, em resumo ?pode a personalização do aprendizado realmente ajudar o aluno?? Os testes foram realizados implementando sistemas personalizados de ensino por toda a América do Norte.


Os resultados foram claros:



To help students achieve their optimal learning potential, educators must be able to offer personalised learning experiences that customise the instruction given to students to meet their individual needs and goals for learning. p. 234
Para ajudar os alunos a alcançar seu potencial máximo de aprendizagem, os educadores devem ser capazes de oferecer experiências de aprendizagem personalizadas que adaptem a instrução dada aos alunos para atender às suas necessidades e objetivos individuais de aprendizagem. p. 234



The goal of adaptive learning is to provide the best possible learning content and resources for the student?s needs at a particular point in time. p. 235
O objetivo do aprendizado adaptativo é fornecer o melhor conteúdo e recursos de aprendizagem possíveis para as necessidades do aluno em um determinado momento. p. 235



most of the systems presented ? have been shown to lead to significantly better student outcomes than traditional curricular approaches ? p. 242
A maioria dos sistemas apresentados ... demonstrou levar a resultados significativamente melhores para os alunos do que as abordagens curriculares tradicionais ? p. 242
They are used by schools and districts all over the United States, with a user base in the hundreds of thousands each year. Both systems have been shown to promote positive outcomes? p. 237
Eles são utilizados por escolas e distritos em todos os Estados Unidos, com uma base de usuários na casa das centenas de milhares a cada ano. Ambos os sistemas demonstraram promover resultados positivos" p. 237


No Brasil continuamos usando sistemas rígidos de ensino, com um programa fixo, de tamanho único, como se todo brasileiro fosse igual ao outro.


Quando então resolvemos ter um aprendizado com professores particulares, também encontramos, na grades destes, um programa fixo, igual para todo aluno.


O professor é particular, mas segue o livro de gramática igual a todo outro curriculum.


A Metodologia Poliglota vem para resolver este problema.


Aprender idiomas por meio do Método Poliglota é ter uma personalização exclusiva para cada aluno.



Aplicando a personalização a idiomas



Cada vez que eu tenho um aluno novo eu faço algumas perguntas para ele. Descobrindo onde o aluno está, qual o seu objetivo e quanto tempo ele tem para estudar, eu consigo personalizar o aprendizado para cada um.


Essa é uma abordagem extremamente personalizada. Nela consigo criar um protocolo, isto é, um plano de ensino que o aluno saberá


  1. Quais palavras aprender, dado o nível que ele se encontra.
  2. Qual conteúdo consumir, dado seu nível de compreensão.
  3. Quais conteúdos deve consumir e palavras aprender dado seu objetivo.
  4. E qual exercício da fala ele deve fazer para alcançar o objetivo desejado.


Essa personalização é feita em uma chamada um a um com cada aluno.


E se você quiser se tornar um aluno meu pode entrar na minha comunidade clicando aqui.



Um princípio humanista aplicado a idiomas



Idioma é uma atividade humana.


Sim os animais têm linguagem, mas não idiomas.

Com nossos idiomas representamos o mundo a nossa volta. Damos vida a ideias abstratas como amor e liberdade, e passamos a enxergar o mundo de modo diferente, a cada idioma novo que aprendemos.


não se trata simplesmente de ?uma outra maneira de 13 dizer as coisas? (table em vez de mesa, te quiero em vez de eu te amo), mas de outra maneira de entender, de conceber, talvez mesmo de sentir o mundo ? Mário A. Perini.


Rousseau coloca isso de uma maneira poética:


les langues, en changeant les signes, modifient aussi les idées qu'ils représentent. Les têtes se forment sur les langages, les pensées prennent la teinte des idiomes. La raison seule est commune, l'esprit en chaque langue a sa forme particulière (Émile, Livre I, p. 73)

as línguas, ao mudarem os signos, também modificam as ideias que eles representam. As mentes se formam sobre as linguagens, os pensamentos adquirem o matiz dos idiomas. Apenas a razão é comum, o espírito em cada língua tem sua forma particular (Emílio, Livro I, p. 73)


Então, que princípio é esse, ?humanista??


Bem, no capítulo anterior eu forneci sete princípios científicos que lhe ajudarão trazendo mais eficiencia no seu aprendizado.


Mas de nada adiantarão se você não entender que aprender idiomas é uma atividade que requer constância e comparecimento, sempre buscando ser melhor.


E essa é, inclusive, uma característica inteiramente humana.


?Um esforço para se viver melhor?


Somente o ser humano pode se esforçar para melhorar em algo. O cão sempre será um cão, a árvore com suas folhas, o gato com seus pelos e as maçãs com seu sabor. Imutáveis por sua natureza.


Mas o ser humano não; você sempre pode fazer melhor. Sempre pode querer ir adiante.


Este princípio é um convite ao aprendizado de idiomas: pois você sempre pode aprender algo novo dia após dia.


E se dia após dia você irá comparecer, estudar, aprender, desenvolver-se e ser melhor, ser mais humanidade e menos humano, então que você aprenda o que é mais produtivo.


A vida é muito curta para ser desperdiçada com o que não te traz resultado.


??????????????


Se você quer criar o hábito de estar sempre em contato com esse idioma, terá que ter amor pelo que faz. Afinal, paixão e resultados são os ingredientes que criaram meu sucesso em idiomas.


Se você vê resultados todos os dias, você nunca para.


E se você nunca para, está sempre se esforçando para ser melhor.


Está se tornando alguém melhor.


Este último princípio é um convite a todo um mundo novo de expressões, sentimentos e pensamentos que lhe estão aguardando do outro lado da porta de um idioma novo.



Conclusão



Há sete princípios cientificamente provados que aceleram sua fluência; (1) o princípio da prática; (2) Usar ambos os modos focado e difuso do cérebro; (3) Usar a ordem lógica do aprendizado; (4) Ter feedbacks constantes; (5) Usar um sistema de repetição espaçada; (6) Aprender de modo sistêmico e, sobretudo (7) ter uma personalização do seu aprendizado. Afinal, idiomas são formas humanas de tingir a vida ao nosso redor, aprender mais de um é passar a ver o mundo multicolor como de fato ele é. É ser mais humanidade e menos humano, mais universal e menos particular.