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Não adianta estudar 16 horas por dia, se você não sabe disso, estará jogando seu tempo e esforço no lixo. Hoje falaremos sobre como estudar melhor.


Quase a totalidade dos estudantes (e professores) não presta atenção nesta distinção importantíssima sobre nível alto e baixo de estudos, o fundamento de todas as dicas de como estudar melhor. Entretanto para você este problema resolve-se hoje.


Neste post você vai descobrir:



Como Estudar Melhor Usando O Princípio da Similaridade



Antes de passarmos para a parte prática, você precisa entender o que significa o princípio da similaridade para poder estudar melhor para provas ou testes.


Alguma vez você já estudou, estudou estudou e quando chegou na prova ou na hora de usar o conhecimento que adquiriu, parecia que não havia estudado nada?


Se você respondeu que sim, o princípio da similaridade já te pegou.



O que é o princípio da similaridade



O princípio da similaridade diz o seguinte: entendemos melhor e performamos nossas atividades com maior facilidade, quando as tarefas ou informações são semelhantes a alguma coisa que já vimos ou consumimos.


Calma, a definição pode parecer cabeluda mas é bem simples.


Imagine duas pessoas. A primeira sabe andar de bicicleta, a segunda não. Qual delas você acha que terá mais facilidade em aprender andar de moto?


Ora, aquela que sabe andar de bicicleta, pois ela e a moto guardam muitas similaridades. O mesmo ocorre com os estudos, em qualquer área.


Se você está estudando para uma prova de cálculo, digamos, você não deveria passar seu tempo relendo suas anotações de sala de aula, mas, ao invés disso, passar a maior quantidade de tempo possível resolvendo exercícios de provas.


Usar o princípio da similaridade é entender que suas práticas devem ser similares em dificuldade e complexidade com as situações reais da vida onde você planeja usar aquele conhecimento, ou em situações reais de prova.


Se você faz isso, na hora da prova você não cai naquela dificuldade em traduzir seu conhecimento para um formato diferente. Veja que uma pessoa que estudou lendo e relendo suas notas tornou-se um expert em ler e reler notas, mas não em fazer provas.


É por isso que quem aprende idiomas somente em sala de aula, quando encontra uma situação real da vida, trava na hora de falar.


O mesmo vale para muitos outros exemplos


Você entendeu a ideia.


Desta maneira, você deve priorizar práticas que são similares a como você será testado, em caso de provas, ou similares ao uso que você quer fazer daquele conhecimento.


Veremos mais adiante como selecionar essas práticas.



Por que é tão difícil de aplicar o princípio da similaridade, o pilar das dicas de como estudar melhor



Tenho um amigo italiano, ele é de Nápoles, lá eles costumam dizer que "i napoletani solo piacciono sonare la chitarra, lo stesso con i brasiliani" ou seja, os napoletanos gostam somente de ficar tocando violão, o mesmo com os brasileiros.


Quero dizer que nós preferimos sempre o que é mais confortável, e certamente reler os capítulos e notas é mais confortável do que praticar ao nível de uso, ou ao nível que seremos testados.


Vejamos como isso é verdade.


Fixe o olhar por 1 minuto nesta imagem abaixo




Agora afaste-se da tela, dê um tempinho olhando para outras coisas onde você está.


Agora volte rapidamente para a imagem e perceba onde seu olho focará primeiro.


Foi nos pontos cinzas, não é verdade?


Isso é porque pontos são mais sólidos e confortáveis para nosso olho repousar.


Por isso que todas as dicas para estudar na quarentena que levam você a reler, resumir ou fazer qualquer atividade fácil, são mais populares: elas são mais confortáveis, e o ser humano é projetado para buscar o mais confortável.


Entretanto, como já vimos, o princípio da similaridade diz que você deve aproximar sua prática ao nível de teste: deve estudar e praticar no mesmo nível que vai usar aquele conhecimento, mesmo que isso custe um esforço a mais.



Como Estudar Melhor: O Conhecimento Depende do Contexto



Passe 5 minutos buscando as melhores dicas para estudar para concurso e você vai ver tanta coisa cabeluda nessa internet que chega dar medo.


Isso porque muitas vezes há dicas que prejudicam você em seu aprendizado e a maioria nunca resalta um grande perigo: o aprendizado depende do contexto.


O que isso significa?


Significa que quando estamos estudando e guardando eventos na memória, informações contextuais estão sendo armazenadas juntas e toda vez que você precisa acessar aquele conhecimento, ela estará repleta de informações contextuais juntas.


"when events are represented in memory, contextual information is stored along with memoy targets; the context can therefore cue memories containing that contextual information". ? Gruneberg, Michael M.; Gruneberg, Michael; Morris, Peter Edwin (1994). Theoretical Aspects of Memory.


Alguns exemplos podem clarificar essa ideia.


Se se você estudar teoria do direito natural escutando Jazz, provavelmente quando esteja na hora de fazer a prova, e você não estiver ouvindo Jazz, será mais difícil acessar aquele seu conhecimento; ademais, pode ocorrer aquele fenômeno chamado "deu um branco".


O que faltou nessa situação?


Faltaram aquelas informações contextuais que foram gravadas juntas com a matéria: O Jazz.


O mesmo ocorreu nesta pesquisa de 1975 que dois grupos foram separados para estudar e serem testados em ambientes diferentes.


Ambos os grupos performaram mal.


Entretando quando o primeiro grupo foi colocado embaixo d'água para fazer o teste, o grupo performou muito melhor, o mesmo ocorreu com o segundo.


Vários outros estudos mostrarm o mesmo fenômeno: o contexto influencia o processo cognitivo. Eu falo mais sobre isso neste vídeo sobre estudar com música:





Dicas Para Estudar Melhor na Faculdade, Estudar Idiomas e Praticar Exercícios Físicos



Uma vez entendido que devemos escolher nossas práticas e exercícios que são mais similares ao uso que queremos fazer deles, ou como seremos testados, vejamos algumas aplicações.



Como estudar para prova de concurso ou faculdade usando o princípio da similaridade



Se você entendeu o que dissemos até agora, entenderá também isto: existem práticas de baixo e alto nível.


Ao estudar para provas da faculdade ou concursos, busque sempre técnicas de estudos parecidos com o modo que você será cobrado.


Isso significa que não adianta descobrir as melhores dicas para ir melhor nos estudos. O melhor modo de ir melhor nos estudos é adaptá-lo a como você será cobrado.








Existem vários outros exemplos, mas você pegou a ideia. Meu sistema de aprendizado, o Sistema Aprendizado Insano é flexível justamente por isso. Se você quer saber mais do sistema clique aqui.



Dicas para estudantes de idiomas



Há muito "especialista" na internet que diz como você deve ou não aprender idiomas. Estou há 10 anos estudando como estudar idiomas e posso dizer que há muita confusão, principalmente nessa distinção entre alto e baixo nível de estudos.


Pense só: se você tem o objetivo de falar com nativos, mas nunca pratica essa competência, como é que você vai poder fazer isso? Ou por acaso você aprende andar de moto lendo o manual da autoescola?


Não conhecer a distinção entre Nível de Prática e de Uso é um dos erros mais frequentes no aprendizado de idiomas. Falo mais sobre isso neste vídeo:




A maioria dos "experts" no assunto empurram cursos goela a baixo em você: texto com áudio, filmes e séries, livros, professores... uma caminhonada de conteúdo.


Isso é bom?


Depende daquilo que você quer.


Em idiomas nunca se esqueça que seu objetivo deve ser aproximado das práticas diárias que você tem com o idioma, vejamos:






Claro, tratando-se de idiomas há muitas variáveis a serem consideradas, tais como a construção de vocabulário, fase de input e output, criação de hábitos etc. Entretanto, quero que você entenda aqui duas coisas:

  1. Aprender idiomas não é apenas aprender vocabulário
  2. Aprender idiomas é desenvolver habilidades com essa nova língua que você quer adquirir, e o modo mais otimizado de você adquirir essas habilidades é praticando elas ao mesmo nível que você deseja usá-las.



Como aplicar o princípio da similaridade em exercícios físicos



Pesquisando sobre vários temas e princípios de estudos descobri ao longo dos anos que muitos deles se aplicam, também, a exercícios físicos.


O princípio da similaridade e a divisão entre nível alto e baixo de prática não é diferente.



A Raina das Dicas para Estudar Melhor: Como Escolher a Melhor Atividade para Praticar



A estas alturas você deve estar pensando: bom então lasque-se as práticas de nível baixo: ficaremos só nas altas.


Nada disso.


Nem sempre práticas ao nível de uso são adequadas, por isso guardei o ouro para o final, agora mostrarei como você deve fazer para escolher suas atividades.



Escolhendo suas atividades para estudar melhor: Por Níveis



Práticas de nível alto, como disse, são semelhantes ou iguais aos níveis de uso. Praticar falando com nativos para idiomas, trabalhar em situações reais de construção para engenheiros, simulados para concurseiros... são exemplos dessas práticas.


Essas práticas de nível alto darão a você o que eu chamo de feedback: darão sua nota, como você performou na atividade que deseja usar aquele conhecimento.


Depois de performá-las você será capaz de dizer: sou bom nisso e nisso... preciso me concentrar mais nisso e nisso.


Vejamos um exemplo.


Fazendo provas de simulados sobre história do Brasil, descobri que tinha uma falha em meu conhecimento justamente no período do vintismo (1820).


Sabendo da diferenciação entre prática de nível alto e baixo eu entendi que fazer muitas questões sobre o período (nível alto) não ajudaria meu problema. Foi necessário reler algumas notas, inclusive ler um novo capítulo de um livro sobre o período, ou seja, atividades de nível baixo, longe do nível em que serei cobrado em provas.


Eu desci um nível a prática para refinar meu conhecimento, depois subi o nível novamente para fazer novas questões.


O resultado?


Não erro mais nenhuma sobre o vintismo (bom, ao menos até agora nunca mais errei...)


O que quero demonstrar é que em práticas de nível alto você recebe seu feedback, você descobre onde tem falhas e onde é bom. Depois disso é fácil concertar seus erros descendo para práticas de nível baixo para estudar aqueles pontos específicos.


Esse padrão se repete em várias áreas.


Escolher as atividades práticas por níveis é saber que toda atividade de alto nível pode ser quebrada em pequenos pedaços de baixo nível para você sanar suas dificuldades.



Escolhendo suas atividades para estudar melhor: Por Área



Vou ser ben sincero, 90% das vezes eu escolho minhas práticas usando o modelo de níveis, da seção anterior; poucas vezes usei o modelo de áreas, mas preciso mostrar que esse também é um modelo válido.


O modelo para escolher suas práticas por meio da área diz que você deve escolher estudar assuntos visando uma visão mais ampla da matéria ou mais cirúrgica.


Retomando minha anedota sobre a História do Brasil, se você escolhe estudar por áreas amplas irá focar ou na história econômica, ou política ou cultural do Brasil.


Ao contrário, se buscar estudar focar em áreas mais cirúrgicas, estudará a fundo uma visão específica, como economia, em um período específico: a economia brasileira na época do II PND, por exemplo.


Claro que cada uma dessas escolhas vai depender para que você quer: áreas mais amplas dão uma visão mais geral do assunto, áreas mais reduzidas detalham mais certos aspectos.


Seja como for, você pode escolher práticas de nível alto ou baixo para cada uma das áreas, teríamos um esquema parecido com esse:





Em uma sentença



Se você quer saber como estudar melhor, deve conhecer o princípio da similaridade que diz ser mais fácil compreender aquilo que é similar; para fazer isso deve aproximar suas práticas ao nível de uso (ou como você será testado em caso de provas), sabendo que práticas de nível baixo também são ótimas opções para refinar e tapar buracos em seu conhecimento, que você descobrirá ao fazer atividades de alto nível (similares ao nível de uso).



Glossário